10 de julho de 2012

Sobre a cozinha italiana


     Quando penso na Itália, primeiro penso em produtos de design e Umberto Eco; depois, em comida. Outros podem fazê-lo em termos de Roma e o Santo Papa, ou Leonardo da Vinci e o Renascimento, ou Fellini e a estrutura cult de filmes, ou Kaká e Milan, seguindo o seu repertório interesses; e como massas e pizzas são um terceiro elemento, possível e próprio, daquilo que não deixamos de ter presente à consciência como imagem que representa culturalmente este país, está aí de alguma maneira o que corresponde a uma introduzione alla cucina italiana.
    Mas daí segue que se deve apontar algumas características que interessam ao apetite.  Lembro-me de sublinhar o formato da refeição, uma técnica de cocção e o emprego de três ingredientes. Quer comer como os italianos? Uma refeição, uma farta refeição, preparada pela nonna, possui seis etapas: na primeira, se nos oferecem o antepasto – e bruschetta é provável; na segunda, que constitui o primeiro prato, consumimos massa ou arroz ou polenta; na terceira, nos apresentam o segundo prato servindo-nos de carne ou pescado com hortaliças; na quarta, temos diante dos olhos os doces clássicos ou frutas; na quinta, não nos dispensam do formaggio, uma seleção de queijos; e na sexta, uma bandeja de petit-fours com café termina uma experiência de prazer à mesa. Um prazer que absolutamente pode ter relação com a técnica de cocção dos alimentos: legumes cozinham o suficiente para tirar o gosto do “cru” e a massa tem de estar al dente. E se nos agradamos de talharim apenas coberto com azeite e queijo ralado, reproduzimos um prato cotidiano antes da invenção do molho de tomate, e com ingredientes básicos. Aí está a simplicidade que permanece sucesso!
    Para a conclusão, escolhi dizer uma primeira experiência que tive de provar uma receita italiana. Gnocchi al sugo. Quando acompanhava meus pais em turismo de negócios, fui adolescente à cantina O Gato Que Ri, no Largo do Arouche, em São Paulo. Lembro-me que era julho, e que muito embora fosse sábado, podia não ser o dia 29... Mas percebo a fortuna daquele evento que me faz particularmente comer massa no sétimo dia da semana: é uma recognição.
RECEITAS | BRUSCHETTA

Um antepasto clássico
  

4 fatias de pão italiano
20g de azeite extra-virgem
1 dente de alho
2 tomates
1 ramo de manjericão picado grosseiramente
sal quanto baste
pimenta quanto baste

Torrar as fatias numa grelha ou torradeira e reservar. Cortar os tomates em cubos pequenos e, numa tigela, misturar com o manjericão picado. Temperar a mistura com sal e pimenta, e reservar. Esfregar o alho nas fatias de pão torrado Distribuir a mistura de tomate e manjericão por cima de cada fatia de pão. Temperar com azeite.

Al dente: tenro, sem gosto de cru e resistente à mordida. Al sugo: molho de tomate. Antepasto: tiragostos quentes ou frios.  Bruschetta: [bru’sket:ta] antepasto tradicional a base de pão azeite e alho; e ingredientes que a imaginação permitir. Formaggio:[formádjo] queijo. Gnocchi: [inhoqui] preparação  tradicional a base de batata, farinha e ovo. Em português, escreve-se nhoque.

A reprodução desta receita foi autorizada pelo professor-chef  Vicente Abreu
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