As vastas planícies, que se destinam à
produção agrícola, e a cordilheira do Himalaia têm relação com a China. No
leste da Ásia, sob o regime socialista, governada pelo Partido Comunista, a
República Popular da China é uma superpotência emergente com o sinal aritmético
“mais”. Este sinal pode ser facilmente reconhecido pelo panda-gigante, encontrado ao longo do rio Yangtszé, e assim em alguns
indicadores consolidados: extensão territorial + exército e orçamento de defesa
+ população + exportação e importação de mercadorias + cultura. Lá na cultura, está a cozinha. Um olhar interessado é o suficiente para
manifestá-la. (Ou seria apetite?) Num raciocínio sequente, tentamos o honorável
recorte das suas particularidades: com certeza, o afirmamos incompleto, na
história contínua de 2300 anos. E, mesmo assim, começamos.
Qualquer coisa que voe, nade, e tenha penas é comestível exceto aviões,
barcos e mesas. Nem é preciso dizer
que a frase, que foi provavelmente inferida de épocas de escassez de alimentos,
marca a preferência dos chineses pelo consumo diferenciado de carnes: cachorro,
gato e serpente, e também escorpião, inseto e lagarto. Da frase chegamos ainda
à conclusão de que existem muitas alternativas de dieta que se acham ligadas a
cozinhas regionais, e que me parecem conhecidas com nomes de convenções do I Ching, o que é milenar e
filosoficamente mais significante do que uma divisão com o auxílio de
coordenadas geográficas...
Na cozinha do Norte, a capital Pequim é
absolutamente referência e o uso do trigo, do milho e da soja predomina, uso
que recebe alho, cebola e cebolinha como condimentos básicos; aliás, talos de
cebolinha, panquecas e o molho hoisin,
a base de soja, óleo de gergelim e especiarias acompanham o clássico Pato de
Pequim, que pode-se comer com as mãos. A
cozinha do Sul, a mais difundida no Ocidente, corresponde àquela da cidade do
Cantão. Arroz, hortaliças, carnes e peixes estão na base das preparações, e com
uma singularidade: servem-se os condimentos picantes à mesa, em separado,
ficando a harmonia dos sabores a critério do gourmand. No município de Xangai, as terras férteis às margens do
Yangtszé determinam as características da cozinha do Leste: legumes, hortaliças
e pescados, disponíveis o ano todo, cozidos no vapor ou refogados, nos melhores
pratos agridoces. Já a cozinha do Oeste, na província Sichuan, é colocada como
a mais regional, que faz do gengibre e das pimentas vermelhas os temperos
predominantes. O aroma cítrico dos pratos é o da pimenta Sichuan, entre outros.
Não é desnecessário acrescentar que todas levam em conta a escolha dos
ingredientes na manutenção da saúde; e por isto, uma refeição é combinada com
categorias Yin-Yang, cores e sabores
específicos, relacionados aos cinco elementos (madeira, fogo, terra, metal e
água). É-lhes intuitivamente válido e não há evidência científica de que seja
ao contrário. Se as técnicas de fritar por imersão em muito óleo e a de
cozinhar vermelho parecem incompatíveis com modernas teorias de dieta, apreciar
ocasionalmente e sem culpa é o
“negócio da China”: macarrão frito com legumes, carne de porco agridoce e bolas
sorridentes são indispensáveis e gostosos de comer! E, assim terminamos.
Folhas de massa para harumaki quanto
bastem
Cebola 50g
Cenoura 50g
Repolho 100g
Hondashi, shoyu e saquê quanto bastem
Sal e pimenta-do-reino moída quanto
bastem
Amido de milho quanto baste
Farinha de trigo quanto baste
Água quanto baste
Óleo para fritar
Cortar
a cebola, o repolho e a cenoura em tiras finas. Aquecer uma wok e refogar os legumes, cozinhando-os
até ficar al dente. Acrescentar o hondashi, o shoyu e o saquê, e cozinhar mais um pouco. Ajustar o sal e a
pimenta-do-reino. Escorrer o refogado em uma peneira. Se ficar muito úmido,
incorporar um pouco de amido de milho e deixar esfriar. Estender as folhas de
massa e colocar o recheio no centro. Fechar as folhas de massa, dobrando e
enrolando, passando uma mistura de farinha de trigo e água nas bordas para não
abrir durante a fritura. Fritar em óleo bem quente, dourando de ambos os lados.
Servir com molho agridoce.
Preparando o molho agridoce
Extrato de tomate 100g
Vinagre de arroz ou álcool 50ml
Açúcar 30g
Água 50ml
Laranja 1unid
Levar
ao fogo baixo o extrato de tomate, o vinagre, o açúcar, a água e o sumo da
laranja. Deixar reduzir por 15 minutos. Incorporar o amido e aguardar até
chegar à consistência desejada. Servir quente.
Al dente: tenro, sem gosto de
cru e resistente à mordida. Bolas sorridentes: preparação à base de
açúcar, farinha de trigo, ovo e sementes de gergelim em forma de bolas, que
quando fritas, abrem ligeiramente como uma boca sorrindo (Cf. WANG, Lydia. Cozinha Chinesa. São Paulo: Art Editora
[1991]). Cozinhar vermelho: semelhante a cozinhar ou estufar em grande
quantidade de molho de soja e água, geralmente para carnes de cozimento
prolongado. Harumaki, rolinhos
primavera: enrolados fritos, de massa muito crocante
e com recheios variados. Hondashi: tempero desidratado a base de
peixe Bonito, utilizado em sopas, molhos, legumes e outros pratos salgados.
Saquê: vinho de arroz seco com teor alcoólico de 15 a 17%. Shoyu: molho de soja. Wok
[panela ou frigideira wok]: utensílio
básico da cozinha asiática, em forma de uma meia esfera metálica com cerâmica,
com duas alças ou um cabo. Yin-Yang: forças
antagônicas, complementares e necessárias na lógica oriental que promovem o
equilíbrio do universo.
A reprodução desta receita foi autorizada pelo
professor-chef Eduardo
Jacobsohn
BEM CUCA Abril 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário