17 de março de 2012

De olho no mercado

    Dentro do centro-norte da França, na região Paris-Île-de-France, no departamento de Val-de-Marne, onde circulam produtores, donos de restaurantes e chefs, fica o maior mercado de produtos frescos do mundo: o Rungis, que deve soar [Rãgis]. O próprio mercado organiza visitas guiadas que, segundo Luciana Fróes no caderno ELA GOURMET (O Globo: Rio de Janeiro, 5 nov 2011), tornam-se “la crème de la crème “ quando programadas na companhia de profissionais experientes em alimentos e bebidas.
    Mas se esta condição  privilegiada não for possível, arriscaria dizer que aquecendo o olhar, pode-se observar a qualidade e variedade de cultura dos incontáveis produtos usados na cozinha francesa. Dentro do Rungis, onde tem de tudo, o foie gras, os cogumelos, os queijos e vinhos com AOC são alguns exemplos. Nos corredores afora, vive-se a emoção de descobrir: o alho rosa, de sabor suave e adocicado, da região de Auvergne; abobrinhas redondas e as ervas com label rouge, da região da Provença; o nabo preto de Pardailhan, da região Languedoc-Roussillon, com interior branco e gosto próximo ao da avelã; a lingüiça de Toulouse, da região Midi-Pyrenées, sem a qual é inimaginável um cassoulet; ou também abricots de Nancy, batatas de mais de 40 tipos, os embutidos de Lyon, da região Rhône-Alpes, flor de sal de Maris, Ilê-de-Rê, da região Pays-de-la-Loire, frutas confit e ainda tantos outros...
    O mercado é uma gigantesca “cidade”, a poderosa infraestrutura de abastecimento de Paris, em que qualquer chef encontra o que precisa para criar pratos diferenciados, em que o comportamento gourmet sai justificado. Rungis é o mundo da gastronomia.

AOC, Appellation d’origine contrôlée, equivale a “nome de origem controlada”: é um certificado francês, vinculado à regulamentação européia, que leva em conta as características do produto em função de origem geográfica específica  e critérios derivados de um modo de produção tradicional ou biológico. Cassoulet [kasu’let]: Cozido de feijão branco com carne de porco, lingüiça e ocasionalmente carne de ave. Confit [Kõfi]: Cozimento de alimentos por imersão em substância para preservação. O de frutas é em calda de açúcar. Crème – c’est la crème de la crème: é o que há de melhor. Label rouge, selo vermelho: marca coletiva de propriedade do Ministério da Agricultura da França para a qualidade superior, previamente definida  por um laudo de especificações, para produtos tanto de origem animal quanto vegetal. Flor de sal: cristais de sal formados na superfície da água durante a produção de sal marinho. Textura crocante e sabor que lembra violeta. Ingrediente na moderna alta gastronomia para finalização de pratos. Foie gras [fuá-grá]: fígado gordo de ganso ou pato obtido pela engorda do animal.

RECEITAS | GALETTE BRETONNE

Da região da Normandia, Bretanha
 Farinha de trigo sarraceno 175g
Óleo de canola ou girassol 15ml
Ovo 5 unidades
Água fria 3000ml
Tomate 5 unidades
Queijo gruyère 120g
Manteiga 40g
Sal a gosto
Presunto cozido 200g
Noz moscada a gosto
Échalote 2 unidades

Numa vasilha, preparar a mistura de sarraceno, sal e óleo. Acrescentar água gelada aos poucos até que fique homogênea. Por fim, incorporar o ovo. Deixar descansar por 1 hora em local refrigerado. Retirar a pele e as sementes do tomate. Ciseler as échalotes. Aquecer a frigideira e refogar as échalotes; depois colocar o tomate concassé e cozinhar até que fique macio. Colocar um fio de azeite numa frigideira antiaderente para crepes. Despejar uma concha de massa, esperar corar; virar e dourar o outro lado.
Colocar o refogado de tomate, o queijo, o presunto e o ovo. Quando o ovo começar a coagular, temperar com sal e pimenta. Dobrar as bordas de maneira que apareça a gema de ovo e fique quadrado.

Concassé: picado grosseiramente. Ciseler: cortar em cubos pequenos. Échalote: cebola.

A reprodução desta receita foi autorizada pela professora-chef Ana Abaurre.
 SIMILARES | ESCOLA DE GASTRONOMIA



BEM CUCA Março 2012

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